quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Podcast: Pais Sociais


Hoje, faz exatamente um ano que tivemos a oportunidade de compartilhar um pouco sobre o ministério que desenvolvemos na ONG Esperança Sem Limites, quando eramos Pais Sociais. De uma  forma bem especial. Estivemos participando do Podcast dos Irmãos.com , eles são referência dentro da área cristã sempre trazendo conteúdo de qualidade. Tivemos a honra de sermos convidados para compartilhar um pouco sobre o ministério que desenvolvemos.

Ouvir os Irmãos.com já faz parte de uma rotina quase que diária para mim, e recomendo com todo prazer e satisfação o trabalho deles, então imagine o quanto ficamos honrados com este convite.

Se você puder compartilhar com outras pessoas esse podcast, ficaremos muito agradecidos. Estamos no desafio de conseguirmos pessoas para nos ajudar financeiramente com nosso fundo missionário, para alcançarmos o continente Asiático, e compartilhando você já estará ajudando.

Segue o link do site onde contem a entrevista:
https://www.irmaos.com/343-pais-sociais/

terça-feira, 6 de agosto de 2019

ROTINA


É muito fácil ser engolido pela rotina. Seguir o fluxo da vida. Viver nossas vidas no conforto do fruto de nossos braços. Na comodidade de nossas zonas de segurança.
O evangelho denuncia nossa omissão. Denúncia que braba sobre nossas tentativas de encontrarmos conforto em nós mesmos, usando Deus sempre como MEIO para se chegar a felicidade. Logo, o que buscamos não é Deus, mas sim o que Ele oferece.
Contudo, no Reino, Ele não pede nada menos do que TUDO. Uma vida de entrega sacrificial de Amor e Serviço ao outro. Uma vida que se gasta e se deixa gastar para que outros possam viver.
No Evangelho, o conforto não está ligado a locais, bens ou títulos. Mas tão somente a estarmos com o coração alinhados ao do Pai.
Missões, começa dentro de um coração que entende que não se pode viver para Deus, sem viver para o outro. E não se conforma até que todos, até os confins da terra, possam conhecê-lo.

Ismael Batista

terça-feira, 30 de julho de 2019

Igreja ou Clube?


Dentre as definições que podemos atribuir a ideia de igreja, 'comunidade' talvez seja a que melhor expressa. Ser igreja é ser comunidade. Não de iguais, nem de concordância. Somos diferentes, e discordamos em muitas coisas, mas somos unidos por princípios maiores que nossas diferenças e discordâncias.

Assim como qualquer comunidade, estamos em processo de constantes mudanças, e devido essas mudanças estamos sempre se adaptando e readaptando. Sempre buscando o sentido de ser "Igreja" em cada contexto histórico, cultural e temporal. A Igreja cria Cultura,  participa da Cultura, e transforma a Cultura.

Uma Igreja que tenta se afastar de sua própria Cultura, está muito longe do processo de transformação do mundo. A mensagem do Evangelho tem de ser entendida e vivida como Verdade Supra-cutural, que não tem por objetivo destruir a Cultura, mas sim purifica-la e potencializa-la. A própria Cultura/Costumes em si, está em constante mudança, de tal forma que nada é vivido de fato como no começo. A exemplo disso, temos a celebração da Santa Ceia, que do modelo original só nos restou os símbolos - e os princípios.

Um templo pode ser espaço também para uma festa? Seja junina, natalina, pascoal ou balada? Por que não? É o templo que é santo, ou as pessoas que nele se encontram?
Se ser igreja é ser comunidade, nossas relações de comunhão não deveriam ultrapassar os paradigmas do culto-clero-domingo-templo? Não nos reunimos para jogar bola? Ou para ir para a piscina? Ou para um churrasco na casa de algum irmão? Não são esses eventos que expressam a nossa comunhão?
Não participamos de festas de formatura, aniversário, casamento?
Não vamos ao teatro, cinema, shows, feiras culturais? Tudo isso não faz parte do chamamos de Vida?
Por que separamos a nossa relação de comunidade igreja, de nossa vivência cotidiana?
O profano só existe se houver sagrado, logo, não há profano se não existir o sagrado. Mas o sagrado não precisa do profano para existir. O que também significa que não há profano que não possa vir a ser sagrado mas uma vez.
Apelar a origem das coisas, para rejeitar alguma prática, é um exercício de alguém que rejeita antes de ponderar. Quantas coisas, desde linguagens, símbolos, expressões, com o tempo não perderam seu sentido original e ganharam novos sentidos, e foram se inventando e reinventando. A pessoa que se mostra ofendida com a comemoração do nascimento de Jesus ter sido colocada  forçosamente no mesmo dia do nascimento de Mitra, não entende que isso é pura frescura. Os tempos mudaram, as motivações mudaram, e continuam mudando. Se formos estudar a origem de todas as coisas, nos privaríamos de viver a vida.

A questão é que o templo pode ser usado tanto para a liturgia, quanto para a comunhão para uma festa de casamento, aniversário ou balada. O que nos move são princípios e não regras. De nada vale obedecer a regra de que no 'templo' não, mas fora sim. Com isso fugimos do ideal de que somos uma comunidade além templo, e nos fechamos as quatro paredes.

A questão de vestimentas, linguagens impróprias e outras coisas que ferem a fé, não tem haver com pode ou não pode, mas sim com bom senso, e isso vale para qualquer lugar, do templo ao tribunal.

Igrejas que parecem um clube? Qual o problema? Se todas as coisas tem seu tempo, seu espaço e sua importância devidamente respeitados, seja a liturgia ou entretenimento, qual seria o problema?


Ismael Batista

terça-feira, 23 de julho de 2019

SÍRIA

É possível ver essa imagem, sem enxergar nossa própria miséria?

O mundo é marcado pelo sofrimento.
Quando o mal se torna banal, nossa sensibilidade se torna seletiva, de forma que um assassinado na França pode nos chocar muito mais do que um genocídio na Síria.
Mas qual é nossa resposta diante do sofrimento humano?
Tal como Adão e Eva, nossa resposta quase sempre é a transferência  de responsabilidades. Afinal de contas, que culpa temos nós da guerra na Síria? Ou das milhões de crianças refugiadas?

Transferimos a responsabilidade para tudo e todos, e no topo de nossa lista está Deus. Pois, se Ele é todo-poderoso e bondoso, como pode deixar que essas coisas aconteçam?

Nos custa entender que somos a resposta de Deus ao sofrimento humano.
Que Deus em Cristo reconciliou o mundo consigo, e fez de nós o seu auto-falante. De forma que onde houver alguém sofrendo, e se perguntar onde está Deus. Nós devemos responder.

Somos a resposta de Deus no chorar com os que choram, no enxugar de suas lágrimas, no dividir de suas cargas e no aliviar das suas dores.

É preciso entender, que na eternidade, seremos recebidos ou rejeitados a partir das afirmações:
Tive fome, tive sede, fui estrangeiro, estive nu, estive doente, estive preso.

Toda tentativa de viver indiferente ao sofrimento humano, é na verdade uma tentativa de viver indiferente a Deus.

Ismael Batista

terça-feira, 16 de julho de 2019

Outra Espiritualidade


Em João Batista e em Jesus Cristo, verificamos dois modelos de espiritualidade. Um que se afasta para o deserto e outra do contato corpo a corpo.

João aponta para Jesus, e Jesus elogia João como sendo o maior nascido de mulher.

O modelo de espiritualidade expresso por João é o da Antiga Aliança, onde um véu nós separava, o sacerdote atravessar o véu, e nós sempre precisávamos de rituais para nós aproximarmos de Deus.

Em Jesus, o modelo de espiritualidade de João Batista é superado. O Deus que se fez homem nos direciona para o corpo a corpo. O chorar com os que choram, se alegrar com os que se alegram. Uma espiritualidade que participa do dia a dia, das dores e labores da vida.

Os fariseus eram mestres em promover uma espiritualidade que os afastava do mundo real. Que sempre estava pronta a acusar e condenar qualquer um que não se encaixava em seu próprio modelo. Para eles o contato corpo a corpo os contaminava.

Jesus propõe o inverso. Sua santidade habita no dia a dia sem ser maculada. Aliás, é uma santidade que não tem medo de ser vista com maus olhos.
Se por um lado Jesus elogia João, logo em seguida ele afirma que o menor no Reino dos Céus é maior do que João.

A espiritualidade que somos chamados a viver, não é a que se afasta para o deserto, mas sim a que nos torna participantes ativos da Vida.

terça-feira, 9 de julho de 2019

Nossa Historia em poucos Momentos

O tempo é rei, sem dúvida. Olhar para trás, ver as transformações pela quais passamos, a constância de nosso Amor sem temer o amanhã, pois nele estaremos juntos daqui até a eternidade.

Esses tantos momentos que já vivemos, vão se multiplicar. Olhe para tudo que já vivemos, construímos, e saiba que ainda há muito que escrever.

Te Amo minha eterna namorada. 💚😍

"Caneta e Papel - Os Arrais"

terça-feira, 2 de julho de 2019

Nosso presente de Deus (1° Aninho)

Sabemos o quão trabalhoso é o educar, o criar, o cuidar dos primeiros passos de um ser humano, é necessário tempo, ajustar-se às necessidades desse ser, e isso inclui abnegação e entrega, tudo para o seu bem estar, saúde e bom crescimento.
Já temos incontáveis histórias, choros e risos guardados, com a Graça e Cuidado de nosso Pai.
Ainda temos muito a viver e estamos apenas no início dessa grande aventura.
Eis o motivo de tantas comemorações de lá pra cá! Almejamos ter muitas mais, é a nossa maneira de celebrar e agradecer por sermos tão ricos em amor com o próprio Amor.

Vem conferir essa curta metragem 🤣😍


sexta-feira, 28 de junho de 2019

Minhas Leituras 2018



Leitura N° 01/2018

[ Crer ou não Crer: uma conversa sem rodeios entre um historiador e um padre católico - Leandro Karnal e Pe. Fábio de Melo (2017), 224 pg. ]

Começo minhas leituras esse ano bem atrasado, para falar a verdade ainda tenho leituras do ano passado para atualizar. rs Mas começo o ano bem, afinal de contas ler um livro baseado no diálogo entre Fábio de Melo e Leandro Karnal com certeza pesa na balança. Tenho que confessar minha admiração por ambos, do pouco que acompanho e leio sobre eles, é realmente de se admirar tanta lucidez e sensibilidade. O livro não é uma disputa apologética, ou um debate sobre quem está do lado certo ou errado. É um diálogo lúcido sobre a fé e a realidade. A leitura é enriquecedora em tantos pontos que fica difícil de resumir. Existem poucos momentos de real tensão entre a verdade de um e a verdade do outro. Uma conversa amistosa e ao mesmo tempo desafiante sobre Deus, a Vida e nós humanos deslocados em busca de sentido. Diante de uma realidade de tantos extremos, deveríamos abraçar a proposta do livro, ao invés do debate acalorada sobre quem está certo ou errado, por que não um diálogo lúcido, calmo e aberto sobre o que cremos e porque cremos? Leitura mais do que recomendada.



Leitura N° 02/2017

[ A Mentalidade Anticapitalista - Ludwig von Mises (1956), 154 pg. ]

Livro curto de raciocínio rápido e fácil. Os argumentos basicamente se entrelaçam entre uma explicação da natureza humana e suas relações de troca - mercado. É uma defesa do sistema capitalista, e consequentemente um ataque aos seus opostos. Suas premissas argumentativas, as vezes soam em tom pejorativo, quando atribuí a "mentalidade anticapitalista" sendo causada pela preguiça, falta de virtude, ignorância e etc. Seu conhecimento sobre economia, e aplicação da mesma e digno de crédito, e aliás, faz parte da principal acusação contra os anticapitalistas. Segundo o autor, os anticapitalistas só o são, por não entenderem nada de economia e nem sobre a natureza humana. Uma leitura não muito agradável, mas ainda digna de ser lida e refletida.



Leitura N° 03/2018

[ Auto da Compadecida - Ariano Suassuna (1955), 192 pg. ]

Que livro sensacional! Meu único arrependimento é não ter lido antes. Suassuna nos brinda com a história de Chicó e João Grilo, cheia de incrementos regionais e vislumbres da simplicidade, singularidade e humildade do povo nordestino.
Com as visões esteriótipadas dos personagens, Suassuna ataca o orgulho, a soberba, a ganância e falta de piedade. Mas sem tirar as esperanças da Divina Misericórdia que nos acode todos os dias, sempre nos oferecendo um chance para recomeçar. Livro genial, é que merece ser devorado. 


Leitura N° 04/2018 

[ A Travessia - William P. Young (2012), 240 pg. ] 

William P. Young desde seu primeiro livro "A Cabana", que re-li ano passado (Leitura n° 24/2017), já havia me conquistado. Fui alvo de reflexões profundas e viscerais, e com "A Travessia" não foi diferente.  "A Travessia" não é a continuação de "A Cabana", mas sim outra história mantendo a base que houve no primeiro livro, ou seja, um encontro com Deus. Young, tem como proposta mostrar o amor de Deus por uma pessoa - Antony Spencer - desprezível, egoísta, mesquinha entre outros deméritos. Young é feliz em suas comparações e no uso das alegorias, o que remete bastante a C.S Lewis. Que por sinal, existe uma pequena homenagem a ele, em um personagem que se chama Jack. 
Não preciso dizer que é uma obra ficcional, e por isso mesmo, apesar de propor verdades bíblicas e teológicas, não se propõe a ser um tratado teológico. A história é envolvente e comovente. O livro merece ser lido e presenteado. Então aqui vai meu agradecimento ao Nil Lima, por me presentear/emprestar/roubei-mesmo esse maravilhoso livro. Sua amizade e significância para mim são inestimáveis. Valeu meu brother! 


Leitura N° 05/2018 

[ Paulo: O maior líder do Cristianismo - Hernandes Dias Lopes (2009), 152 pg. ] 

Tive a oportunidade de ouvir sua prédica sobre o mesmo título do livro, e Hernandes Dias Lopes tem uma oratória e domínio de conteúdo que são invejáveis. Sem dúvida, em minha singela opinião, um dos pregadores mais eloquentes e coerentes de nosso Brasil. O livro, apesar de razoavelmente curto diante do desafio de fazer um Raio-X de um dos personagens mais icônicos do Cristianismo, cumpre com êxito sua função. Hernandes demonstra um estudo profundo a respeito da vida e obras do apóstolo Paulo. Uma simples comparação entre os apóstolos da atualidade, com a vida e ministério de Paulo, desperta nosso entendimento para a mentira muitas vezes travestida de piedade. Além de fazer os relatos biográficos da vida de Paulo, Hernandes Dias faz várias aplicações a nossa própria vida. É um livro que merece ser lido. 


Leitura N° 06/2018 

[ A Arte da Guerra - Sun Tzu (Século IV a.C.), 157 pg. ]

A Arte da Guerra, é o livro que costumeiramente releio. Ano passado foi minha quarta leitura e esse ano é a sexta. O Mestre Éder, meu professor de Jiu Jitsu que sempre ficava martelando nos treinos para lermos, estudarmos e meditarmos nesse livro. Acabou que realmente virou um hábito ler ele pelo menos uma vez por ano. O conjunto de ensinamentos de Sun Tzu é recheado de uma sabedoria milenar, e que permanece atual até os dias de hoje. Não só sobre as Guerras Bélicas, mas também sobre todas formas de guerras diárias que enfrentamos. Sun Tzu dá uma aula de estratégia e liderança, abordando uma variada gama de possibilidades e princípios norteadores de decisão. A Arte da Guerra, é um clássico que precisa ser lido.


Leitura N° 07/2018

[ Os Quatro Amores - C.S Lewis (1960), 189 pg. ]

Uau! Que livro sensacional! Apesar de já ter lido ele no começo de minha adolescência, minha percepção de agora é completamente diferente, e que releitura fantástica foi essa. Lewis é de uma genialidade ímpar, consegue ser muito profundo através de analogias simples. Tem uma linha de raciocínio grande, e por vezes é preciso reler, não porque ele seja complexo, mas sim para não perder nem um detalhe de sua argumentação.

Lewis é contrário a uma máxima que cultuada e celebrada em nossa modernidade, "O amor é o suficiente", "Toda forma de amar é válida", ou como canta Lulu Santos, "Consideramos justas toda forma de Amor". Lewis fala sobre o Amor com maestria, e disseca e expõe as suas ramificações, das quais ele divide entre Afeição, Amizade, Eros e Caridade. E ainda nos choca, quando sustenta a afirmação de que "O Amor se torna um demônio, no momento em que se torna um deus". E quem pensa que Lewis espiritualiza o tema, se engana, pois apesar de se ater ao princípio que somente em Deus nossos amores-naturais são aperfeiçoados e potencializados, trabalha com cada tema de maneira natural e razoável. Enfim, esse livro merece muito mais do que um simples resumo/resenha. Nossa geração precisa devora-lo.



Leitura N° 08/2018

[ Eu disse Adeus ao Namoro: Uma nova atitude em relação ao Romance - Joshua Harris (1997), 232 pg. ]

Este ano estou fazendo algumas releituras, e esse é um deles. É uma experiência muito boa poder reler alguns livros, e pode constatar as mudanças que aconteceram e acontecem com nossa forma de pensar.

Sobre o livro em questão, deveria ter dado mais ouvidos a ele quando li a alguns anos atrás. Ele moldou boa parte do que penso a respeito de relacionamentos. Apesar de ter alguns "pés atrás" com relação a movimentos do tipo "Eu escolhi esperar", reconheço e recomendo a leitura desse livro - que em partes serviu com base para eles. Acredito que a idéia de padrões/regras comportamentais para se ter uma vida de santidade, pureza e etc. Acaba por se tornar um falso brilho, uma vez que só supre nossa necessidade de sempre cumprirmos uma lista de regras para nos sentirmos aceitos, amados e seguros.
Segundo a análise do autor, é preciso dizer adeus ao modelo de namoro que existe hoje. Não ao namoro em si, mas sim a forma como se vive e entende um namoro, principalmente adolescentes-juvenil. O que Harris tenta transmitir são mais do que regras, são princípios que venham nortear nossas decisões, principalmente as relacionadas ao coração. É uma leitura que confontra, e por isso mesmo deve ser lido.




Leitura N° 09/2018

[ Toda Nudez Será Castigada - Nelson Rodrigues (1965), 128 pg. ]

Meu primeiro contato com os escritos de Nelson Rodrigues. Não é de hoje que sempre vejo citações a seu respeito e de suas obras, sobretudo vindas do Luiz Felipe Pondé (Em "Guia Politicamente Incorreto do Sexo" e "A Filosofia da Adúltera" leitura n° 40 e 49 de 2017, Pondé faz em suma, ensaios sobre os escritos e posicionamentos de Rodrigues). 

É um trabalho voltado para a Dramaturgia. Seu teor trágicômico, mais trágico que cômico, choca justamente por quebrar esteriótipos, denotar o falso moralismo e piedade, expor a leviandade e liquidez de nossas relações, taras e obsessões. É sobre nossos conflitos instintivos, e das relações pessoais.

Agora entendo o porquê de tantas citações envolvendo Nelson Rodrigues.



[ O Anticristo: Ensaio de uma crítica ao cristianismo - Friedrich Nietzsche (1895), 128 pg. ]

Eis o autor do qual já li muito a respeito dele é sobre suas obras, mas tive pouco contato direto com suas obras. Várias coisas despertaram meu interesse por ler suas obras. E está é a primeira.

Confesso que não me encheu muito os olhos, tanto quanto esperava. O texto é muito cheio de imperativos baseados no próprio autor. Apesar de muito ácido, sua linha de raciocínio é interessante, e justamente por sua acidez ele angaria tantos fãs. É importante frisar, que ele separa a pessoa do Cristo, do Cristianismo. Segundo seu raciocínio, o Cristianismo é a deturpação total do Evangelho, e por isso mesmo ele afirma que "o evangelho morreu na cruz", sendo "Jesus o primeiro e último cristão".

Apesar de não concordar com tudo que escreveu, tem muitas coisas que fazem sentido, trazem novos aspectos a discussão e fazem da leitura igualmente válida.



Leitura N° 11/2018

[ O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry (1943), 92 pg. ]

Tem como não suspirar diante desta obra? Simples, apaixonante e envolvente. Apesar de ter algumas resalvas com algumas idéias que para mim parecem no mínimo estranhas, há de se concordar que a obra é digna de apreço. De maneira entusiástica, a obra vive a nos alfinetar - nós que dizemos ser 'gente grande', pessoas 'sérias' - nos lembrando da simplicidade do ser criança, que o que realmente importa é invisível aos olhos. Enfim, leitura rápida, agradável e que merece um espaço em nossa estante.



Leitura N° 12/2018

[ Watchmen - Alan Moore e Dave Gibbons (1986), 460 pg. ]

Essa é uma daquelas obras que ultrapassam o tempo. A trama foi muito bem construída em seus mínimos detalhes, o que traz uma boa imersão no universo do quadrinho. Os dramas vívidos por seus personagens se chocam com nossa realidade de contradições, e por outro lado invocam os sentimentos vívidos pela iminente Guerra. É uma obra que merece ser lida, refletida e debatida.

O filme que foi produzido é muito bom e faz jus a obra. Vale a pena conferir também.


Leitura N° 13/2018

[ Pais Responsáveis Educam Juntos - Cris Poli (2011), 160 pg. ]

Livro lido juntamente com a Incrível, Sensacional, Espetacular, Dona do meu coração e Rainha Suprema de minha Vida 
Kerllen Nunes. Lemos um capítulo por dia, refletindo sobre seus ensinamentos, para podermos aplicar na criação de nosso Príncipe João Miguel. Se bem que nossa vida aqui na "Cidade dos Meninos" já tem sido um estágio e tanto para essa nova fase que já temos vivido durante a gravidez. Apesar das experiências acumuladas que temos depois desses dois anos servindo aqui, criar e educar uma criança sempre tem um ar de surpresa, e sempre há muito que aprender.
Cris Poli tem uma vasta experiência, e nos brinda com importantes lições que com certeza trazem mais leveza a Missão da Paternidade e Maternidade. Muitas de suas lições se encaixam perfeitamente com os ensinos contidos no "Quando o Amor não é o Suficiente" (leitura 11/2017) o que faz muito sentido para a Kerllen e eu em nossa labuta cotidiana.
Cris Poli tem minha atenção e admiração, vale apena se deliciar com sua sabedoria prática, principalmente quem já vive esse desafio diário de ser mamãe e papai.


Leitura N° 14/2018

[ A Cadeira de Prata - C.S Lewis (1953), 209 pg. ]

Como de costume, tenho que rasgar uma seda para o Lewis, um de meus autores prediletos. Lewis é genial em sua escrita, consegue com facilidade transmitir inúmeras lições estimulando nossa imaginação, nos fazendo pensar. O livro em questão, é o sexto na ordem cronológica da saga das Crônicas de Nárnia, vindo depois de "A Viagemdo Peregrino da Alvorada". Os quatro irmãos não estão mais presentes nesse livro, todavia, isso não torna o livro menos interessante. 
Eustáquio, que aparece na "Viagem do Peregrino da Alvorada" é um dos protagonistas principais ao lado de Jill Pole e do Brejeiro. A aventura dessa vez gira entorno da busca do filho do Rei Caspian, que há 10 anos havia desaparecido - como vocês devem saber, o tempo em Nárnia corre de maneira diferente do nosso mundo, enquanto para Eustáquio passou apenas alguns anos, para Caspian se passou vários. Aslan dá alguns sinais para que eles encontrem o jovem príncipe, e sua missão é seguir esses sinais, mesmo quando as coisas parecem contrárias. Apesar de Aslan não estar sempre presente de forma literal, é possível ver sua presença em todas as entrelinhas da trama. E merece aplausos os diálogos entre eles e a Dama de Verde, sobre o que é verdadeiro e o que é a Verdade.
Enfim, é um livro infantil com muitos temas adultos transmitidos de maneira lúdica, com certeza João Miguel há de ouvir essas histórias.
Se é do C.S Lewis, então vale a pena ler.



Leitura N° 15/2018

[ O Credo dos Apóstolos: As doutrinas centrais da fé cristã - Franklin Ferreira (2015), 277 pg. ]

Uma bela exposição do Credo dos Apóstolos, feita com coerência e firmeza de crença. Franklin fala com propriedade a respeito do assunto, e de maneira muito bem embasa discorre sobre o porquê do Credo refletir as doutrinas centrais da fé cristã. Usando o exemplo de C.S Lewis em. "Cristianismo Puro e Simples", ele propõe que o Credo dos Apóstolos é o saguão comum do qual todos aqueles que confessam a Cristo dividem - e devem dividir - sem distinção, apesar de logicamente existirem divergências entre o que se considera secundário a fé. O Credo então, seria o divisor de águas de uma teologia sadia a fé.
O livro tem um texto fluído e de fácil compreensão, não é cansativo, e cumpre com êxito sua função didática. Ainda estou mastigando algumas explicações. Recomendo a leitura.


Leitura N° 16/2018

[ Pakau: A chamada, o preço e a recompensa de uma missionária na Amazônia - Kelem Gaspar (2014), 95 pg. ]

Acredito que o livro é pequeno diante de uma biografia tão vasta. Ainda me lembro de algumas ministrações da Miss. Kelem enquanto ainda era bem novo. É um prazer poder ler a respeito das coisas que o Pai realizou em sua vida, e continua a fazer. A leitura dele, me fez lembrar da leitura de outro livro que me impactou profundamente em minha caminhada em missões, "Por Está Cruz te Matarei - Bruce Olson". Leituras missionárias como estás inflamam ainda mais meu coração, e me mantém firme no propósito de minha vida, conhecer a Deus e fazer Ele conhecido.

O livro em questão é uma prova viva do atestado da provisão Divina mesmo em meio a tantas adversidades. O Deus que nos chama, nos capacita, nos envia e nos mantém.
Missões é mais do que uma emoção. É a convicção de que o Amor de Deus é tão grande, que o maior egoísmo que posso fazer, e guardar esse Amor para mim, mesmo sabendo de tantos que nunca provaram dele. Se hoje desfrutamos de tão grande Graça, foi porque um dia, homens e mulheres não tiveram suas vidas por preciosas e vieram, viveram e morreram por está mensagem. A carta somos nós.
Meu coração segue cantando insistentemente:

"Sim eu Amo a mensagem da Cruz
Até morrer eu a vou proclamar
Levarei eu também minha Cruz
Até por uma coroa trocar"

Leia este livro, leia livros sobre missões, leia biografias missionárias. Incendeie seu coração com o Amor que fez com que o próprio Deus se fizesse homem.


Leitura N° 17/2018

[ Talmidim: O passo a passo de Jesus - Ed René Kivitz (2012), 384 pg. ]

Que livro sensacional. Ed René conquistou minha atenção e admiração já há alguns anos, e hoje percebo que é difícil falar sobre teologia sem mencionar seu nome. Talvez porque sua 'teologia' é do mundo real, do cotidiano, dos sabores e dissabores da vida. "Talmidim" não é um livro só sobre devocionais, mas principalmente sobre crescimento, maturidade, alumbramento. Kivitz nos brinda com sua sensibilidade ao Evangelho. Apesar de conter no subtítulo "passo a passo", está longe de ser um guia completo e definitivo sobre como seguir os passos de Jesus. "Talmidim" fala sobre o Caminho, o caminhar, o seguir em frente. Uma leitura enriquecedora do começo ao fim.
"Talmidim" tem um lugar especial em minha cabeceira. Já está meio velho e amassado, e o guardo com carinho, principalmente porque foi um presente da minha amiga do coração Karina Schultz. Um presente seguido de uma bela trollagem, que o Nil Lima assistiu 
de camarote.
Karina, muito obrigado pelo presente, e pela dádiva da sua amizade.



Leitura N° 18/2018

[ O Papai é Pop: Crônicas - Marcos Piangers (2015), 112 pg. ]

O livro é encantador. Não é um livro sobre como ser Pai, nem nada do gênero. A proposta do autor é nada mais, nada menos, do que relatar em pequenas crônicas os acontecimentos do dia a dia na criação de suas duas filhas. Piangers vive com emoção sua paternidade, e é possível sentir todo afeto em sua escrita. É um livro engraçado, e que pode tirar boas risadas e até lágrimas de alguns.
Piangers começa o livro relatando sua história de quase aborto, que sua mãe ainda jovem tentará. Foi criado sem um pai, e agora que é pai, não consegue entender o que faz com que um pai não queira ser pai. E aliás, afirma que eles não sabem o que estão perdendo.
Piangers é um homem que vive intensamente todo amor da paternidade. Que como muitos, nasceu com a dádiva da vida e maldição da orfandade - de pai. Ele entendeu que nenhuma criança merece essa maldição, e por isso luta para ser o melhor pai do mundo para suas filhas.

Enfim, livro de leitura fácil e rápida, e mais do que recomendado para quem vai ser, ou já é um papai. Não espero a hora de poder começar a escrever as crônicas do João Miguel.


Leitura N°19/2018

[ Não espere pelo Epitáfio: Provocações Filosóficas - Mario Sergio Cortella (2012), 158 pg. ]

Cortella é de longe um dos filósofos brasileiros mais talentosos em nossa atualidade, ou pelo menos o que tem mais destaque. Não é atoa, e nem do nada. Cortella já trilha essa caminho a bastante tempo, e tem experiência de sobra para compartilhar conosco. O livro em questão demonstra um pouco desta vasta experiência e erudição, e se aplica ao nosso cotidiano perfeitamente. Ele consegue falar do passado e do presente com maestria, tendo espaço para os grandes filósofos do passado e para nossos poetas brasileiros. "Não espere pelo Epitáfio" é um livro escrito por quem estudou muito, buscou em várias fontes de conhecimento, e concluí que a Vida é muito profunda para vivermos apenas superficialidades. Mas Cortella não nós dá nenhuma receita de sucesso, ou de como viver a vida, ele nos provoca, nos convida a pensar.
Não espere, construa hoje uma existência sem arrependimentos.



Leitura N° 20/2018

[ Aconselhando Cristãos em Luta com a Homossexualidade - Débora Fonseca e Cunha (2012), 160 pg. ]

A questões referentes a sexualidade tem sido motivos de grandes polêmicas em todos os tempos, contudo é nítido que tem se intensificado cada vez mais em nossa pós modernidade. A Igreja Cristã de modo geral nunca soube lidar bem com essa área específica da vida humana e daí o motivo para tantas desumanidades no processo.
Diante disso, é um prazer ler este livro e conhecer os Ministérios que se esforçam dentro dessa área. Em meio a visões tão equivocadas e incoerentes, é um bálsamo poder encontrar este tipo de literatura.
O livro em questão aborda a temática da homossexualidade a partir de um viés Bíblico tradicional. E voltado para pessoas que já atuam ou que querem atuar nessa área através do aconselhamento cristão. Trás uma base teórica bem consistente, e a experiência da autora é substancial. É um livro que cumpre com êxito a proposta de orientação com relação ao Aconselhamento.


Leitura N° 21/2018

[ Política: Para não ser Idiota - Mário Sérgio Cortella e Renato Janine Ribeiro (2010), 112 pg. ]

Essa minha rotina de papai, tem dificultado minha rotina de leitura. Mas como amo ser pai e ler, então me viro como posso.
Estamos em época de eleição, vivemos tempos difíceis em nossa política brasileira, em partes devido ao cansaço do povo com relação a política - que parece nunca melhorar - e devido a uma polarização ignorante, que nos impede de ponderar com equilíbrio. Talvez, essa polarização ignorante, seja justamente fruto desse cansaço que todos nós enfrentamos, e por isso abraçamos extremos. O livro cai como uma luva diante dessa conjuntura. Cortella dispensa apresentações, e apesar de ser meu primeiro contato com Janine, sua participação no livro é bastante produtiva e assertiva. Eu particularmente gosto da proposta desses tipos de livros, chamar duas pessoas capacitadas para debater/conversar sobre um tema específico.
A conversa realizada por ambos foi super proveitosa, cada um complementando e acrescentando mais coisas ao tema.
A Política começa justamente quando nos abrimos para o diálogo.
Em tempos de eleição, livros como esse nos estimulam a um posicionamento mais concreto e coerente com a vida e sociedade que queremos.


Leitura N° 22/2018

[ Ao professor, com meu carinho - Rubem Alves (2004), 126 pg. ]

Rubem Alves já me cativou a algum tempo. Sua engenhosidade me atraí. No livro em questão, Alves fala com real carinho e preocupação de alguém que se importa com aqueles que dedicam sua vida ao ensino. O próprio ocupou sua vida na arte de ensinar, e por isso mesmo garimpou preciosas lições. Sua escrita é peculiar, em uma linguagem quase fálica, diga-se de passagem. rs
Logo de cara, ele faz uma crítica assertiva a respeito da formação errônea de repetidores de pensamentos, e não de pensadores. Pessoas que apesar de terem estudado e lido muito, não conseguem pensar por si mesmas. É um livro curto, contudo, muito proveitoso a cada página. É Rubem Alves, não posso esperar menos.


Leitura N° 23/2018

[ O Sopro do Espírito - Caio Fábio (1994), 44 pg. ]

Caio Fábio, meu herege favorito. rs
Mas calma, neste livreto não há nenhuma heresia, apenas uma simples, porém intensa, reflexão sobre o papel do Espírito Santo em nossas vidas e Ministérios. Caio, com seu feitio audaz de sempre, nos sacode na dimensão do Espírito. 
Simples e objetivo.



Leitura N° 24/2018

[ A Insustentável Leveza do Ser - Milan Kundera (1984), 400 pg. ]

Que romance senhoras e senhores. Muito mais do que um romance, um verídico e fatídico escrito sobre as fragilidades do ser, e que se encaixam principalmente em nossa modernidade líquida, como definiria Bauman. Aliás, me fez pensar muito a respeito do livro "Amor Líquido" do Bauman.
O enredo do livro gira em torno da vida de Tomas, Tereza, Sabina, Franz e alguns outros personagens coadjuvantes, na cidade de Praga e Zurique em meio a tensão política da invasão russa. Em meio aos dramas pessoais, emocionais e políticos a história dos personagens se intercala. O autor não apenas conta a história, como também medita a respeito delas provocando em nós leitores um olhar crítico sobre nós mesmos e a base de nossas relações. Lógico, não porque temos as mesmas atitudes dos personagens, mas sim por podermos discernir - ou no mínimo ponderar - a respeito das engrenagens que fazem funcionar nossas contradições sistêmicas. É um livro recheado de insights filosóficos, políticos e morais. E que sem dúvida recomendo.



Leitura N° 25/2018

[ Uma confissão - Liev Tolstói (1882) 128 pg. ]

Que livro, que livro! Tolstói já tinha minha atenção em "O Diabo" (leitura 36/2017), agora tem meu respeito.

Tolstói, depois de ganhar fama, dinheiro, respeito e poder, chega a triste conclusão de que a vida não tem sentido, e que por fim o suicídio é a opção mais viável diante do absurdo da vida. Ele confessa os caminhos pelo qual trilhou, os conceitos e preconceitos. Sua confissão tem dupla percepção, por um lado denuncia a falta de sentido da vida, e por outro, encontra o sentido de onde ele antes rejeitava haver.
Não é um livro escrito de maneira apaixonada, mas sim bem lúcido, melancólico e ácido. É uma confissão, pois parte de sua auto percepção, dos rumos que tomou, e das verdades que constatou. Ele faz coro, junto a Salomão, e assevera que ao final de contas, tudo é vaidade.
O livro parece não prover esperança, chegando a ser desesperador em alguns momentos. Contudo, em sua última confissão, o sol brilha sobre a simplicidade da vida e da fé. É fantástico.

Esse livro foi recomendado pelo Podcast dosIrmaos.com na estréia do Podcast Literário. Começaram em grande estilo, falando sobre essa obra magnífica. Continuem esse maravilhoso trabalho de ótimo conteúdo, vocês estão de parabéns.

Link do Podcast
http://go.irmaos.com/lit001


Leitura N° 26/2018

[ Conversas sobre Política - Rubem Alves (2002), 120 pg. ]

Rubem Alves já cativou minha atenção faz tempo. Gosto de seu estilo literário e de seu desejo incessante de me instigar a pensar além. O livro em questão é uma mistura de muitas emoções, alegria, raiva, tranquilidade, tristeza, esperança. São ensaios curtos, contudo, com opiniões fortes e sinceras. Por vezes, realista - pessimista - demais. Mas em nosso cenário, urge a necessidada do diálogo com o diferente, fugirmos do senso comum, abraçarmos o senso crítico, e por mais que não concorde com tudo que Rubem Alves escreve, tenho de admitir e elogia-lo por conseguir me fazer pensar além da minha caixinha "verde-amarelo-crente". Estamos vivendo tempos de muito envolvimento político, contudo, com pouco aprofundamento político. E entenda, o aprofundamento político não diz respeito sobre você saber todas as pautas do seu candidato, mas sim sobre entender o jogo político, suas implicações, seus interesses, seu público alvo, os benefícios, malefícios, o que o outro lado pensa, porque pensa, e uma série de perguntas dos quais as respostas exigem de nós um comprometimento além de nossa caixinha. É impossível dizer que se vota pelo bem da nação, quando nossa preocupação diz respeito somente ao meu círculo e a mais ninguém.
Não é sobre concordo ou discordar, é sobre dialogar e refletir.
Faça um favor a si mesmo, devore este livro.


Leitura N° 27/2018

[ Brasil Polifônico: Os evangélicos e as estruturas de poder - Davi Lago (2018), 208 pg. ]

Brasil Polifônico deveria ser leitura obrigatória para esses tempos de eleição. Davi Lago escreve com destreza e propriedade sobre temas políticos que nos são tão caros, e que ao mesmo tempo não damos o valor merecido, uma vez que nossos debates são superficiais e cheios de clichês. A polifania tem haver com multiplicidade de sons de forma harmoniosa, o que nos faz analisar nossos discursos, por vezes tão dissonantes, nos convidando ao diálogo. É uma obra primorosa, que pode ser lida por evangélicos e não evangélicos, pois seu conteúdo é de qualidade.

O diálogo tem sido realmente nosso desafio nesses tempos de extremos, onde todos querem falar, e poucos querem ouvir. Onde nos fechamos em guetos, daqueles que falam, agem e pensam como nós. Onde nossa preocupação em "Lacrar" e "Mitar" é maior do que entender, compreender, ter empatia. O diálogo é um desafio justamente por propor uma pausa nos ataques, uma saída da defensiva e assumir a possibilidade de estarmos equivocados. É um caminho difícil, mas tenho tentado trilhar ele, mesmo que nem sempre consiga.
De uma pausa nas discussões intermináveis, e leia este livro.



Leitura N° 28/2018

[ Para Educar Crianças Feministas: Um manifesto - Chimamanda Ngozi Adichie (2017), 94 pg. ]

Outro livro da autora Chimamanda, e ainda sobre a temática Feminista. Diferente da "Sejamos todos Feministas" - leitura n° 47 do ano passado - o livro em questão, apesar de sucinto, é mais incisivo e pontual em seus argumentos, principalmente voltado para a educação de crianças 'feministas'. São apresentados 15 sugestões de como educar uma menina de forma que seu gênero não seja um fator limitador de sua vida. Diante das sugestões, algumas discordei, outras concordei, e algumas outras me fizeram ter um outro olhar sobre a temática.
Para além dos discursos histéricos, é preciso falar com franqueza e humildade. A nós homens, nos cabe mais um ouvir do que um falar. Nos cabe uma reflexão sobre nossas condutas e ações que tantas vezes de forma inconsciente e velada, só reforçam esteriótipos e práticas que inferiorizam e menosprezam as mulheres. É preciso encarar, que para além de uma hombridade sadia, existe o machismo e ele sempre é prejudicial. O machismo não é algo do qual homem nenhum deva bater no peito e se orgulhar - e quem o faz, não é Homem. Não é preciso concordo e muito menos aceitar todas as pautas do Feminismo, contudo, é preciso espaço para o diálogo, debate, escuta e reflexão. Sem esse lugar comum de fala, somos apenas guetos autocentrados, dançando ao redor de nossos próprios umbigos.
Leitura recomendada.


Leitura N° 29/2018

[ Na Minha Pele - Lázaro Ramos (2017), 147 pg. ]

Lázaro Ramos faz um relato autobiográfico, tendo como perspectiva a questão racial, que ele sempre viveu na "pele". O racismo é real, e mata todos os dias. Negar o racismo, é uma forma de racismo. Lázaro pondera de maneira sensível e direta a respeito do assunto. De fato, é difícil perceber as raízes do racismo, pois deverás é tão comum em nosso cotidiano que passa por nós como algo normal, e até aceitável, e quem reclama é 'mimizento' e 'vitimista'. Tarefa árdua a se fazer é tentar explicar para alguém que não quer enxergar além de seu próprio umbigo as estruturas que se perpetuam e recriam dia após dia.
Falas como as de Lázaro, precisam se fazer ouvir. Sei que digo isso quase como um mantra, mas realmente acredito nisso: não é sobre concordar, ou discordar, mas sim sobre se permitir ouvir, ponderar, mudar ou afirmar. É sobre diálogos sinceros, sobre se colocar na pele do outro - ainda que em alguns casos seja impossível sentirmos a integralidade do que o outro sente. Mas pelo menos tentemos. Entender o lugar de fala do outro, é saber que por mais que tenhamos empatia, e queiramos entender o que o outro sofre, há coisas que somente o outro pode dizer e expressar. E ter sensibilidade para ouvir, compreender e buscar caminhos de resolução dessas mazelas. A luta contra o racismo é de todos.


Leitura N° 30/2018

[ A Revolução dos Bichos - George Orwell (1945), 152 pg. ]

A primeira vez que li, foi fascinante. Essa segunda vez trouxe um toque diferente. Comecei um projeto de leitura aqui no abrigo, e sugeri a leitura desse livro para uma das crianças. A cada capítulo que ele lia, ele tinha de fazer um resumo para mim. Acabei por reler a obra, e constatar mais uma vez a genialidade de Orwell, ele realmente estava a frente de seu tempo.
Poder ouvir o resumo do Celso, e ser um facilitador no entendimento da obra foi muito especial. Esse foi o primeiro livro que ele leu em toda sua vida, e ele amou. 
Existem muitas coisas que podem ser faladas desta obra magnífica. Mas quero elucidar o papel das ovelhas, e o que elas tem haver com nosso atual cenário político brasileiro. Na obra em questão, as ovelhas eram os personagens que eram influenciadas para falar o que o líder/movimento queria que elas falassem - mesmo que fosse contraditório. Eram histéricas em suas defesas, não permitindo espaço para vozes dissidentes. Ao reler essa parte, a associação com nosso atual momento foi imediata. As lacradas/mitadas, palavras de ordem/dancinhas em sinal de trânsito, os panelaços/pão com mortadela. Enfim, em tempos de ódio do bem. Seguimos o vento do movimento, sem de fato percebermos o espetáculo ridículo que nos tornamos em nossas aspirações tolas e ilusórias. Nos fechamos em guetos ideológicos, religiosos, racial. Embebedado pelo senso comum dos que falam, pensam e agem como nós. Gritamos em coro palavras de efeito, porque o diálogo é muito caro, e exige pensar por si e pelo outro.
Não é que eu tenha algo contra o senso comum, ele tem sua valia. Mas senso comum sem que haja senso crítico, é tolice revestida pela autoridade dos que pensam como eu. Enfim, tenho um desafio para você esse novo ano que vai entrar. Marque um café com aquele amigo que pensa bem diferente de você, e converse sem tentar mitar/lacrar, e veja o quão proveitoso pode ser - ou não. 
😂

Não preciso nem falar, "A Revolução dos Bichos" é leitura obrigatória.

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