sábado, 7 de janeiro de 2017

VÍTIMA DA SOCIEDADE


VÍTIMA DA SOCIEDADE
Você já leu isso errado.
Deixa eu começar o texto fazendo uma confissão. Sou um pessimista inveterado, creio firmemente que a maldade humana, inclusive a minha, não tem limite se não houver um limitador. Acredito no poder do Amor, tanto quanto acredito no poder do Ego. E que o Ego vence o Amor, por ter mais tempo de prática. Aliás, o Amor é a negação do Ego.
Dito isto...
É interessante ver essa polarização na internet, de um lado os "homens de bem" que acreditam que "bandido bom, é bandido morto". E do outro lado "o povo de humanas" que defende o "direito dos manos".
Esse tipo de discurso, particularmente, me da enfado. Já é uma discussão perdida, pois nela não há espaço de fato para o diálogo. Os jargões já estão prontos, e as pedras já estão na mão. E como já escrevi a um tempo atrás, é difícil engolir que faço parte de uma geração que tem muito mais 'respostas' do que 'perguntas'. Sempre quando a 'resposta' vem antes da própria 'pergunta', é muito provável que essa 'resposta' nunca tenha sido objeto de reflexão alguma.
Acredito sim, que somos vítimas da Sociedade, tanto e de tal forma como acredito também que cada indivíduo é protagonista de sua própria história, e podendo muda-la apesar das circunstâncias. E não vejo contradição alguma nessas duas afirmações, aliás, acredito que a mau compreensão dessas duas afirmações é que nos levam a tantas discussões, sempre indo de um extremo a outro.
Mas vejamos apenas duas definições de Sociedade.
1. agrupamento de seres que convivem em estado gregário e em colaboração mútua.
"s. humana"
2. soc grupo humano que habita em certo período de tempo e espaço, seguindo um padrão comum; coletividade.
"s. moderna"
Em curto entendimento, a sociedade somos nós e nossas relações dentro de um 'padrão' material e imaterial de leis e regras de convivência.
Quando digo que somos vítimas da Sociedade, entendo que somos vítimas de nós mesmos, somos algozes uns dos outros, somos vítimas uns dos outros. Reproduzimos o preconceito que aprendemos, e produzimos novas formas de preconceito. Perpetua-mos a ignorância como modelo do 'saber', quando nos fechamos para o diálogo com o diferente. Não é sobre abrir mão dos seus princípios ou valores, é sobre ouvir o outro, ainda que continue a discordar dele.
Isso que escrevo, não é uma tentativa de amenizar o crime, continuo acreditando que aquele que cometeu qualquer crime, não deve ter sua pena diminuída devido a triste história que teve. Ele continua sendo responsável pelos seus atos. Contudo, quando procuramos entender como as coisas funcionam, podemos sim ao menos tentar romper o ciclo vicioso do mal que se perpétua através dos tempos.
Não é sobre aliviar a pena dos criminosos, ou justificar seus crimes. Falar sobre as causas, explica, mas não justifica. E é justamente isso que quero falar.
Entender as causas de um problema é o melhor caminho para combate-lo.
Sejamos sinceros com relação ao "Esforço" e "Mérito".
É muito fácil dizer que você lutou e conquistou, quando teve um cem número de coisas que facilitaram sua vida.
A vida não é só esforço e mérito. Tem pessoas que são muito esforçadas, mas não tem talento, tem pessoas que tem talento, mas não tem esforço. Tem pessoas que merecem receber mais, e não recebem. Tem pessoas que não merecem, e recebem.
E tudo isso porque somos diferentes, e nossa igualdade está em nossas diferenças. Sentimos de maneiras diferentes, choramos por motivos diferentes, e por aí vai. Cada ser humano trás singulares, e não podemos ser julgados pelas individualidades dos outros. Seria o mesmo que dizer que um peixe é burro porque não sabe subir em árvores.
Isso não é determinismo, mas sim lógica. Todos somos responsáveis por nossos atos, e protagonista de nossa própria história, contudo, não podemos esquecer que o ambiente em que vivemos tem influência sobre nós, e é preciso ser sincero ao admitir, que aqueles que 'venceram' na vida, são exceções e não regras. Por exemplo, eu não sei dizer se você vai ser rico ou não. Mas me responda, qual é a probabilidade de você ficar mais rico que o Bill Gates? É só trabalhar e se esforçar, que qualquer um consegue, né?!
Concluo reforçando meu pessimismo com relação ao homem que se basta.
Acredito no transcende.
Acredito no poder do Amor, quando negamos o Ego.
Acredito que precisamos de mais diálogo com o diferente.
Acredito que a empatia é uma utopia que vale a pena lutar, apesar de saber que não irá mudar o mundo.
Mas quando esse mundo por fim chegar ao fim, eu ficarei feliz por ser uma pequena centelha do Reino de Deus.
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