terça-feira, 30 de julho de 2019

Igreja ou Clube?


Dentre as definições que podemos atribuir a ideia de igreja, 'comunidade' talvez seja a que melhor expressa. Ser igreja é ser comunidade. Não de iguais, nem de concordância. Somos diferentes, e discordamos em muitas coisas, mas somos unidos por princípios maiores que nossas diferenças e discordâncias.

Assim como qualquer comunidade, estamos em processo de constantes mudanças, e devido essas mudanças estamos sempre se adaptando e readaptando. Sempre buscando o sentido de ser "Igreja" em cada contexto histórico, cultural e temporal. A Igreja cria Cultura,  participa da Cultura, e transforma a Cultura.

Uma Igreja que tenta se afastar de sua própria Cultura, está muito longe do processo de transformação do mundo. A mensagem do Evangelho tem de ser entendida e vivida como Verdade Supra-cutural, que não tem por objetivo destruir a Cultura, mas sim purifica-la e potencializa-la. A própria Cultura/Costumes em si, está em constante mudança, de tal forma que nada é vivido de fato como no começo. A exemplo disso, temos a celebração da Santa Ceia, que do modelo original só nos restou os símbolos - e os princípios.

Um templo pode ser espaço também para uma festa? Seja junina, natalina, pascoal ou balada? Por que não? É o templo que é santo, ou as pessoas que nele se encontram?
Se ser igreja é ser comunidade, nossas relações de comunhão não deveriam ultrapassar os paradigmas do culto-clero-domingo-templo? Não nos reunimos para jogar bola? Ou para ir para a piscina? Ou para um churrasco na casa de algum irmão? Não são esses eventos que expressam a nossa comunhão?
Não participamos de festas de formatura, aniversário, casamento?
Não vamos ao teatro, cinema, shows, feiras culturais? Tudo isso não faz parte do chamamos de Vida?
Por que separamos a nossa relação de comunidade igreja, de nossa vivência cotidiana?
O profano só existe se houver sagrado, logo, não há profano se não existir o sagrado. Mas o sagrado não precisa do profano para existir. O que também significa que não há profano que não possa vir a ser sagrado mas uma vez.
Apelar a origem das coisas, para rejeitar alguma prática, é um exercício de alguém que rejeita antes de ponderar. Quantas coisas, desde linguagens, símbolos, expressões, com o tempo não perderam seu sentido original e ganharam novos sentidos, e foram se inventando e reinventando. A pessoa que se mostra ofendida com a comemoração do nascimento de Jesus ter sido colocada  forçosamente no mesmo dia do nascimento de Mitra, não entende que isso é pura frescura. Os tempos mudaram, as motivações mudaram, e continuam mudando. Se formos estudar a origem de todas as coisas, nos privaríamos de viver a vida.

A questão é que o templo pode ser usado tanto para a liturgia, quanto para a comunhão para uma festa de casamento, aniversário ou balada. O que nos move são princípios e não regras. De nada vale obedecer a regra de que no 'templo' não, mas fora sim. Com isso fugimos do ideal de que somos uma comunidade além templo, e nos fechamos as quatro paredes.

A questão de vestimentas, linguagens impróprias e outras coisas que ferem a fé, não tem haver com pode ou não pode, mas sim com bom senso, e isso vale para qualquer lugar, do templo ao tribunal.

Igrejas que parecem um clube? Qual o problema? Se todas as coisas tem seu tempo, seu espaço e sua importância devidamente respeitados, seja a liturgia ou entretenimento, qual seria o problema?


Ismael Batista

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