sábado, 31 de outubro de 2015

Em nome da Verdade


Se algum dia o próprio Diabo falar verdades, eu serei o primeiro a defender - não ele, mas as verdades por ele ditas.
Diga não a toda forma de parcialidade partidarista. Não é porque é evangélico, socialista, capitalista, colega, patrão ou amigo que você vai se omitir diante da mentira, injustiça e calunia.
De certo, se alguém 'mal' fala coisas 'boas', é de se desconfiar suas intenções, mas de maneira nenhuma o ser 'mal' invalida a bondade levantada.
Nossa luta realmente não é pela liberdade, mas sim pela verdade, pois de que adianta ser 'livre' acreditando e pregando uma mentira? De fato, nunca será liberdade, vai ser somente um siclo de sofismas e paralogismo.

31 de Outubro de 2014

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Quando o Amigo se torna Colega


O Amigo é aquela pessoa que passou pelas situações que você viveu, mostrou confiança, fidelidade e parceria.
O colega, é aquele que mesmo perto estava longe, e a única coisa que os ligava era um interesse ou um amigo em comum.
O conhecido, é aquele que não tem interesse, nem amigo em comum, mas sempre te vê em algum lugar, o famoso 'conheço de vista'.
Um 'Amigo' passa a ser 'Colega' quando a confiança é perdida, a fidelidade é traída e a parceria se acaba. E já como 'Colega', está a só um passo de ser tornar 'Conhecido', e este passo é dado quando deixamos de lado a consideração que temos por aquele que um dia foi nosso 'Amigo' e agora sempre irá te ver em algum lugar mais sua presença será irrelevante.

Das muitas tristezas da vida, a tristeza de ver isso acontecer está provavelmente entre as 10 primeiras colocadas.

8 de Outubro de 2012

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

O Problema do Sofrimento - C.S Lewis


Eis-me aqui, mais uma vez falando de um de meus autores favoritos. C.S Lewis!
Lewis é um tipo de escritor que me faz ter ataques cardíacos. Sou aquele tipo de leitor que quando vejo uma ideia fantástica, uma sacada de gênio, algo extasiante, eu não consigo controlar as emoções. Eu rio, choro, rolo no chão. É, eu não sou muito normal, dá para perceber, né?! rs
E espero não ser o único a compartilhar dessas fortes emoções.

O referido livro que me proponho na difícil tarefa de tentar sintetizar alguns de seus argumentos é uma obra prima que deveria ser lido por todos que querem ter uma visão mais aguçada a respeito da Onipotência, Bondade, Maldade e Sofrimento.

Sem dúvida, se existe uma palavra que permeia nossa existência na terra, seria a palavra sofrimento. Apesar de entendermos na maioria das vezes, e de forma bem acertada, que o sofrimento é uma consequência do pecado, o peso do sofrimento é maior que o conceito de pecado, e por isso que ao invés de entendermos o sofrimento como consequência de nossas atitudes, transferimos a responsabilidade para outros, e principalmente para Deus. A pergunta que nunca cala, é:"Onde Deus estava quando isso aconteceu?"
Somente quando entendemos o sofrimento, como um subproduto da queda, assumimos a responsabilidade por uma boa parcela do sofrimento humano.
Claro, que eu seria muito simplista com essa justificativa. E ainda assim ela não parece ser suficiente para responder todas as indagações a respeito do sofrimento. E é justamente isso que Lewis pretende em seu livro. Ele cria um pano de fundo para que possamos nos situar diante do problema do sofrimento de forma bem realista, e crua. 'O problema do sofrimento' não é um livro de autoajuda, mas de realidade.

A lógica inicial que Lewis traça como plano de fundo, gira basicamente em torno de quatro pontos.
(1) A experiencia do Numinoso, um poder sobrenatural assombroso e horrendo que não pode ser explicado pela lógica, e que desde os primórdios da humanidade nos acompanha.
Segundo o exemplo de Lewis, quando digo que dentro do quarto ao lado tem um tigre, o medo que é gerado é diferente do medo que surge quando digo que no quarto ao lado tem um espirito maligno. Esse assombro e temor não pode ser explicado, porque não existe um perigo que seja realmente palpável, tal como o tigre. Contudo ele existe e nos assombra. Não temos como dizer que é mero medo do desconhecido, resumir a experiencia do Numinoso ao medo do desconhecido, é pressupor que o desconhecido é uma entidade inexplicável existente.
(2)Uma moral supra-cultural, a consciência de 'devo' e 'não devo' que também permeia toda a existência humana. E apesar de ser conhecida, não é obedecida. Existem alguns pequenos disparates entre as culturas, contudo, nenhum deles chega realmente a estabelecer uma diferença tão grande e distante. No geral, estabelecemos juízos morais que só podem ser feitos se já houver um padrão estabelecido - ainda que inconsciente. Se digo que o padrão moral de A é melhor do que de B, e C melhor do que ambos, é justamente porque existe um padrão superior aos três. Essa moral-supra cultural está inscrita no coração dos homens, ainda que não seja obedecida.
(3) A experiencia do Numinoso, e essa moral supra-cultural são percebidas de maneira isoladas e sem conexões. Contudo, quando passo a entender que essa entidade sobrenatural assombrosa, é também o guardião dessa moral que insiste em me acusar, dou um passo adiante na concepção de Deus. Existe um ser poderoso do qual eu vivo a desobedecer.
(4)E por fim, chegamos a encarnação histórica, que é quando esse Ser poderoso e Moral, entra na Historia humana e revela sua vontade, seu caráter e sua pessoa. Nesse caso chegamos a Encarnação de Cristo, o Deus encarnado. A real imagem do Deus invisível e imarcescível.

Esses quatro pontos são muito importantes para respondermos a pergunta do problema do sofrimento, pois elas nos dão um pano de fundo a respeito da concepção e da pessoa de Deus. Só se pergunta a respeito do sofrimento, quem tem alguma premissa teísta, pois no mais, ela não faria sentido, e a resposta seria bem mais simples, pois o problema do sofrimento seria o mero 'Acaso'. Então, quando vejo alguém assumidamente ateu questionando a existência de Deus, devido a existência do sofrimento, na verdade presencio alguém que acredita em Deus, mesmo que seja para nega-lo ou culpa-lo. É basicamente:" Deus não existi. Mas se existir, Ele é o culpado!"


Quando Lewis da esse pano de fundo da concepção de Deus como esse ser sobrenatural assustadoramente poderoso, que também é o ser moral do qual nossas consciências nos acusam de estarmos desobedecendo quando praticamos o que não devemos, e que por fim esse Ser se revela, encarnando na historia humana. Ele já nos dá respostas suficientes a respeito do sofrimento, pois agora nós temos uma figura ao qual podemos conhecer e testificar. Baseado no caráter e ensinamentos de Jesus, iremos fazer a mesma pergunta:"Por que Jesus permitiu que coisas tão ruins acontecessem?"

Quando colocamos a pessoa de Jesus, estamos encarando a pessoalidade de Deus. E sendo conhecedores do quão amoroso Jesus foi, e de todos os seus ensinamentos, só podemos concluir que nossa concepção de Deus está um tanto quanto atrasada. Que há algo de errado na exclamação, uma vez que ela é contraditória.

Ex: Se alguém chegasse com você, e disse que a sua mãe - a pessoa que mais amou, cuidou e se sacrificou por você -, na verdade foi a que mais te infligiu mal. Você vai simplesmente aceitar, ou irá questionar os porquês?

Se você simplesmente aceitar, é só uma prova do quão idiota você é! É bem mais fácil assumirmos que tem algo de errado na exclamação, e realmente tem, do que simplesmente aceitarmos uma realidade contraditória com o que nós mesmos vivemos.

Uma vez que já tenhamos partido da premissa que Deus existe, é poderoso, moral e bom. Vamos ao segundo plano de fundo.
"Se Deus fosse bom, Ele desejaria tornar suas criaturas perfeitamente felizes, e se fosse todo-poderoso, seria capaz de fazer o que quisesse. Mas as criaturas não são felizes. Portanto, a Deus falta a bondade ou o poder - ou ambas as coisas"
E é nesse ponto que Lewis fala sobre a onipotência divina, e a impossibilidade divina.

- Como? Mas se ele é onipotente, logo, tudo para Ele é possível, não é?!

Bom, não necessariamente. Lewis, genialmente começa a falar do impossível a partir de nós, do possível para Deus, e do intrinsecamente impossível. Mas como algo pode ser definido como intrinsecamente impossível? Em poucas palavras, pela contradição - e logicamente não a partir de nossa concepção de contraditório.
Deus não pode mentir, é contra sua natureza, logo, a mentira não chega nem ao menos a ser uma possibilidade, é intrinsecamente impossível! É o mesmo que pedir que Deus crie a bola quadrada do Kiko. É um contrassenso!
Não temos como definir ao certo o que seja intrinsecamente impossível, mas estou dando apenas uma amostra do como pode ser.
Para Deus criar uma sociedade de almas livres, Ele tem de criar um ambiente(Natureza) relativamente independente e 'inexorável'. E nesse ambiente que podemos nos relacionar, e que a concepção do 'Eu' surge, pois a consciência do 'Eu' só existe em contraste com outro "Eu" - também conhecido como Alteridade. É no contraste com o ambiente de outros eus que a percepção de Mim mesmo surge. Ou seja, é dentro de um ambiente independente e de co-dependência, que nossa individualidade, liberdade, amor e relacionamentos podem existir.
Esse ambiente segue leis fixas e constantes, que não podem ser alterados pela vontade humana de muda-la, uma vez que tentar mudar a natureza das coisas significaria cercear a liberdade de outro ser, e por isso que esse ambiente independe de nós. 
A natureza fixa das coisas, significa que quando os homens lutam, a vitoria quase sempre ficará nas mãos dos que tem armas, perícia e números superiores, mesmo que sua causa seja injusta.
Em suma, Deus não corrigirá os erros cometidos pelo livre-arbítrio das pessoas mudando a natureza das consequência dos atos humanos, como se quando alguém pegasse um bastão para bater em outra pessoa, o bastão imediatamente se tornasse macio como um travesseiro. Deus não irá evitar o mal dessa forma. Isso infringi a liberdade, uma vez que liberdade, é liberdade de escolha, e se não há escolha, não há liberdade. Não que Ele não possa fazer isso, e sempre quando faz, isso se chama milagre, e como já sabemos a respeito dos milagres, eles são exceções e raros. Deus não irá fazer isso, pelo simples fato de ter dado liberdade ao homem. Então não é uma pergunta que tem haver com o poder de Deus.

- Se não é uma questão que tem haver com poder, então, é uma questão que tem haver com bondade! Como Deus pode ser bom e permitir isso? Será que Ele não é bom na forma como entendemos?

Apesar de os pensamentos e planos de Deus serem muito além dos nossos, a Bondade de Deus não difere da nossa como o preto do branco, mas como Lewis genialmente descreveu, difere como um circulo perfeito se distingue  da primeira tentativa de uma criança em desenhar uma roda: quando a criança aprender a desenhar, ela saberá que o circulo que agora consegue fazer é justamente aquele que estava tentando reproduzir dede o começo.
Nosso equivoco a respeito da bondade divina, se baseia no nosso entendimento de de bondade e amor. Basicamente supomos que a bondade de Deus se refere a sua capacidade de Amar - e não está de todo errado. E por 'Amor' entendemos a bondade, como apenas o desejo de que sejamos felizes, independente da forma. Como se ao final do dia Deus dissesse:" Não importa o que vocês fizeram, contanto que vocês se divertam e sejam felizes!"
Contudo, quando digo que 'Deus é Amor', concluo que minha concepção de 'amor' carece de correção.
É para quem nós não nos preocupamos, que queremos que sejam felizes sobre quaisquer condições. Já com as pessoas que amamos, somos exigentes, e preferimos muitas vezes vê-los sofrer do que vê-los 'felizes' com o que é por definição vil.
O Amor pode perdoar todas as fraquezas e assim mesmo amar, a despeito delas, mas não pode deixar de querer que elas sejam eliminadas. Pedir que o amor de Deus fique satisfeito como somos, é pedir que Deus deixe de Ser Deus.
Não sei se deveria valorizar o amor de um amigo que se preocupasse com minha felicidade e não se opusesse ao fato de eu me tornar desonesto.
Por nos amar, Ele quer mudar a nossa natureza, e faze-la conforme a sua própria 
Quando queremos ser algo além do que Deus quer que sejamos, estamos na verdade desejando o que não nos fará felizes - pois a própria definição de felicidade se encontra Nele.Queremos que Deus nos ame sem que Ele queira nos mudar - mas como entender o amor dessa forma, um amor que se conforme com nossa situação deplorável?
Essa relação de amor, que muitas vezes parece confusa, pois parece que Deus nos obriga a ama-lo, quando na verdade Ele nos ama antes que possamos ama-lo, e seu amor inalterado, nos altera. Como já diria Aristóteles, "Deus move o universo, Ele próprio imóvel, como ser amado move aquele que ama."
Logicamente, esse amor que transforma inflige um processo de sofrimento, uma vez que para nos tornamos conforme a sua natureza temos de nos desprender dessa natureza caída, e isso com certeza despenderá sofrimento, como um drogado sofre pela abstinência da falta da droga, mas com certeza esse sofrimento resultará em um bem maior.
A resposta do como Deus pode permitir isso, na verdade é uma pergunta:

Deus - Como você pode querer que eu não te mude? 

Queremos ser livres para fazermos o que quisermos, e quando as coisas começam a dar errado, perguntamos onde estava Deus. O principal instrumento que Deus irá usar para coibir o mal, será o bem praticado pelo homem. Mas como falar sobre isso sem entrar na discussão da maldade humana?

Eis o grande problema, não achamos que somos tão maus assim. Nos equiparamos a outros, e por fim dizemos "Eu faço coisas erradas, mas elas não são tão grandes como as de fulanos", "No final das contas, todo mundo erra, e eu só faço mau a mim mesmo e não a outros","Eu bom na medida do que posso". Como entender a ira de Deus que cai/cairá sobre toda a maldade humana, quando não nos sentimos tão maus e culpados, assim?
Mas surge outro nível de culpa, que não nos isenta de nossas culpas particulares, que é a culpa coletiva, e que por sua vez só pode ser compreendida quando tivermos de fato aprendido a conhecer nossa corrupção individual, para assim solucionarmos o problema da culpa coletiva.
Ao contrario do que se pensa, o tempo não torna um erro menos culpável. Pode te tornar insensível, mas não justificável. A culpa é purificada não pelo tempo, mas pelo arrependimento e pelo sangue de Cristo.
Se apoiar nos números para se considerar uma pessoa não tão má, é no minimo tolice. O fato de uma turma inteira errar todas as questões de uma prova de somar e subtrair, não faz com que a prova esteja errada. Se sou criado dentro de um ambiente ao qual o "todo mundo faz" é uma boa justificativa para continuar no erro, tão logo me vejo em outro ambiente de qualidade moral mais elevada, percebo que na verdade o que tinha por bom, na verdade era o mínimo do que realmente poderia ser chamado 'bom', e que a corrupção declarada era como um erro perdoável para mim.
Apesar de nos assumirmos como civilizados, a barbaridade de nossos atos seguem uma constante que varia só na forma e não no mal.
Não podemos admitir a Virtude como algo divido em partículas, do qual podemos ter uma coisa sem carecer de ter outra. No caso, se tenho apenas a piedade - uma partícula da virtude - sem o amor, tão logo estarei praticando alguma forma de crueldade. Até mesmo uma emoção boa como a piedade, se não for controlada pelo amor e a justiça, passa pela raiva e transforma-se em crueldade. A maioria das atrocidades são motivadas pelos relatos das atrocidades do inimigo. E a piedade das classes oprimidas, quando separada da lei moral como um todo,, leva, por meio de um processo muito natural, as brutalidades incessantes de um reinado de terror.
Pessoas ressentidas com Deus, na verdade são pessoas que não conseguem ver o mal em si próprias e na humanidade, como coisas tão grandes assim.
Não temos como nos achegar a Deus, sem antes entender o quão condenáveis somos, que em muitos aspectos nosso caráter representa um horror a um Deus Santo, e quando verdadeiramente percebemos, essa natureza se torna em um horror para nós mesmos - daí a necessidade me uma nova natureza. 
Foi o ser humano, e não Deus, que produziu torturas, açoites, prisões, escravidão, armas e bombas. É pela avareza e pela estupidez humana, e não pela independência da natureza, que temos pobreza e exploração do trabalho.
Nossa maldade é latente, por mais que neguemos.
Nossa maldade é consequência de algo que a linguagem teológica chama de "Queda". Uma nova especie, jamais criada por Deus, passará a existir por meio do pecado.
No universo decaído e parcialmente remido podemos distinguir: (1) o simples bem procedente de Deus, (2) o simples mal produzido pelas criaturas rebeldes, e (3) a exploração desse mal por parte de Deus para atender ao seu propósito redentor, que produz (4) o bem complexo para o qual contribuem o sofrimento aceito e o pecado de que nos arrependemos. O fato de Deus poder extrair o bem complexo do simples mal não desculpa - embora pela misericórdia ele possa salvar - os que praticam o simples mal. Esta distinção é essencial, As ofensas devem sobrevir, mas ai daqueles que as praticam; os pecados realmente fazem abundar a graça, mas não devemos fazer disso uma justificativa para continuar pecando. A crucificação é em si mesma o melhor, assim como o pior, de todos os eventos históricos, mas o papei de Judas continua simplesmente sendo mau.

Uau! Tentar sintetizar este livro é uma tarefa bem árdua devido a riqueza de detalhes e da lógica usada, e toda vez que releio o que escrevo, percebo que ainda é infantil comparado ao próprio livro. rs
Tentar extrair as minhas falas e as falas de Lewis do escrevi, também é outra tare difícil, rs, o texto é cheio de citações diretas do livro. Logicamente, apenas balbuciei sobre os temas do livro. Vale apena ler o livro, mais do que recomendável.

Espero que tenham gostado. Caso queira acrescentar, ou discordar de algo, é só comentar abaixo. 

Ismael Batista
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